quinta-feira, 31 de julho de 2014

Perdão de Assis dedicado à paz no Oriente Médio

2014-07-31 Rádio Vaticana
Assis (RV)
O Perdão de Assis, a festa que inicia na manhã de 1º de agosto e se conclui com as Vésperas Solenes do dia 2, na Porciúncula de Santa Maria dos Anjos, terá neste ano uma intenção particular de oração: o fim da guerra e das hostilidades na Terra Santa. No dia do Perdão de Assis, que há sete séculos conta com a participação de milhares de peregrinos, é possível obter a indulgência, observadas as exigências indicadas pela igreja.
O tema deste ano foi decidido pelo Bispo da Diocese de Assis-Nocera Úmbria-Gualdo, Dom Domenico Sorrentino, em sintonia com a comunidade dos Frades menores da Província Seráfica, que presidirá as Primeiras Vésperas da Solenidade às 19 horas do dia 1º, com a tradicional peregrinação da Cidade de Assis e a Celebração Eucarística às 11 horas do dia 2. Já às 15 horas de sábado, chegará à Porciúncula a 34ª Marcha Franciscana, que neste ano terá como tema “Cem por um” e reunirá mais de mil jovens peregrinos provenientes de várias regiões da Itália e de diversas partes do mundo.
“A visita do Papa Francisco à Terra Santa e sobretudo o momento de oração que ele partilhou no Vaticano com Shimon Peres e Abu Mazen – sublinhou Dom Sorrentino – suscitaram tantas esperanças. Talvez muitas. Não poderia haver maior desilusão do que a explosão do conflito que ocorreu pouco depois entre os dois povos, ainda uma vez com o êxito da morte e de escombros. Derrotada também a oração? Nos vem a tentação de fazer esta pergunta”.
Dom Sorrentino recordou que em 1986 o Papa João Paulo II havia inaugurado o “espírito de Assis”, o encontro que reuniu líderes de diversas religiões para rezar pela paz. “Em 27 de outubro próximo – recordou ele -, na anual comemoração do “Encontro de Assis”, vamos repropor aquele desafio, atualizando-o: “A iniciativa do Papa Francisco pela paz em Israel: qual o futuro?”.
O convite à comunidade para participar da festa do Perdão, é um convite para rezar pela paz e também um convite à conversão – explica o prelado. “Quem de nós, nesta última e cruenta página da guerra entre o Hamas e Israel não se perguntou porque, contra todo senso de humanidade e razoabilidade, as armas não se calam, quando os mortos chegam às centenas e desfiguram as faces das mães de ambos os lados?”.
“O espírito de Assis” permanece mais vivo do que nunca e nós – conclui Dom Sorrentino – o queremos invocar pela Terra Santa por ocasião do Perdão da Porciúncula”.
Maiores informações sobre o ‘Perdão de Assis’ podem ser obtidas no site www.assisiofm.it.
(JE)

Vocação

2014-07-31 Rádio Vaticana
Porto Alegre (RV)
Escreveu o Papa Francisco: “A vocação é fruto que amadurece no terreno bem cultivado do amor de uns aos outros, que se faz serviço recíproco, no contexto de uma vida eclesial autêntica. Nenhuma vocação nasce por si, nem vive para si”.
Todos nós desejamos uma vida bem vivida. Almejamos uma vida com sentido. Nossas buscas, projetos e sonhos se sustentam a partir de um horizonte de vida sólido. A pergunta, talvez, sempre necessária, é: o que significa uma vida, uma existência com sentido? A partir de onde se encontra sentido para a própria vida? Aqui certamente se expressa o nobre, digno e necessário serviço junto, especialmente, a nossos adolescentes de orientar, dialogar e auxiliar; afinal, perceber qual o caminho de vida que vem ao encontro das tendências, dotes e mesmo necessidades pessoais, nem sempre é tarefa fácil.
Uma história, pertencente à tradição hebraica, pode auxiliar na compreensão dos desafios característicos quanto à necessidade de realizar uma opção de vida. Diz a história: “Um certo rabi procurou seu mestre, suplicando-lhe: ‘Indicai-me um caminho universal para o serviço a Deus’. O mestre respondeu: ‘Não se trata de dizer ao homem qual caminho deve percorrer, porque existe uma estrada por meio da qual se segue a Deus por meio do estudo, outra, por meio da oração, e outra, por meio do jejum, e ainda outra comendo! É tarefa de cada homem conhecer bem a direção de qual estrada o atrai, o próprio coração e depois escolher aquela estrada com todas as forças’”.
A pessoa humana é única. Possui uma tarefa intransferível. Cada ser humano é convocado a testemunhar sua irrepetibilidade. Para isso, se faz necessário o conhecimento de si mesmo, das próprias qualidades e tendências essenciais. Considerando esse conjunto de elementos, é possível sondar um caminho de vida.
A escolha de um caminho de vida requer muito mais que a opção por uma determinada profissão. Profissão tem a ver com preparação técnica, competência, eficiência produtiva, ganha-pão, função social, status, reconhecimento externo. Tudo isso pressupõe decisão pessoal, realização, chamado interior, paixão, amor e gosto pelo que se faz, ou seja, pressupõe vocação. Assim, retomando a história da tradição hebraica, pode-se perceber que o “serviço de Deus” requer muito mais que somente profissionalismo. Exige escuta do próprio coração, para conhecer bem a direção de qual estrada ele o atrai.
A vocação se orienta eminentemente para um futuro. Ela se realiza, sim, no presente, mas orientada para um futuro. Por isso, pode-se afirmar que vocação é uma tarefa em constante realização. Da profissão, nos aposentamos. Já aquilo que denominamos vocação perpassa todas as fases da existência.
escuta do próprio coração requer sintonia, escuta, disposição para acolher aquilo que a vida solicita. Escuta e compreende tal solicitação quem cultiva a afeição, a cordialidade, o amor, o respeito pela própria condição. Para nós, cristãos e cristãs, a condição é de filhos e filhas, seguidores e seguidoras do Senhor, caminho, verdade e vida.
“Jesus – caminho, verdade e vida – percorria as cidades e aldeias... Contemplando a multidão, encheu-se de compaixão por ela, pois estava cansada e abatida, como um rebanho de ovelhas sem pastor. Disse, então, aos seus discípulos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao Senhor da messe para que envie trabalhadores para a sua messe” (Mt 9,35-38).
Oxalá possamos cooperar para que homens e mulheres, especialmente os adolescentes e jovens, saibam e possam corresponder à vocação recebida, e serem no mundo cooperadores do Senhor na construção do Seu Reino!

+Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre

Na oração, a coragem da paz

2014-07-31 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)
Orar não é em vão. Neste período de incerteza em relação ao futuro, o que é certo é o sofrimento das vítimas dos bombardeios e das perseguições, da injustiça e da opressão, da discórdia e do ódio.
Orar não é em vão, disse o Papa Francisco ao eclodir do enésimo conflito entre israelenses e palestinos, logo após o encontro de oração, aqui no Vaticano, no dia 8 de junho, com a presença do Patriarca Bartolomeu I, do então Presidente de Israel, Shimon Peres, e do Presidente palestino, Abu Mazen.
Num cenário de total desolação, de destruição e morte – quase 1400 vítimas – orar não é em vão. Por isso, repropomos a oração e as palavras e pronunciadas pelo Pontífice e seus ilustres hóspedes naquele dia 8 de junho – encontro para implorar a paz para a Terra Santa, o Oriente Médio e o mundo inteiro.
Para fazer a paz é preciso coragem, muita mais do que para fazer a guerra. É preciso coragem para dizer sim ao encontro e não à briga; sim ao diálogo e não à violência; sim às negociações e não às hostilidades; sim ao respeito dos patos e não às provocações; sim à sinceridade e não à duplicidade. Para tudo isto, é preciso coragem, grande força de ânimo.
A história ensina-nos que as nossas forças não bastam. Por isso estamos aqui, porque sabemos e acreditamos que necessitamos da ajuda de Deus. Não renunciamos às nossas responsabilidades, mas invocamos a Deus como ato de suprema responsabilidade perante as nossas consciências e diante dos nossos povos. Ouvimos uma chamada e devemos responder: a chamada a romper a espiral do ódio e da violência, a rompê-la com uma única palavra: «irmão». Mas, para dizer esta palavra, devemos todos levantar os olhos ao Céu e reconhecer-nos filhos de um único Pai.
A Ele, no Espírito de Jesus Cristo, me dirijo, pedindo a intercessão da Virgem Maria, filha da Terra Santa e Mãe nossa:
Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!
Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas forças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperanças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: «nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído»! Infundi em nós a coragem de realizar gestos concretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efetuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre «irmão», e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Amém.

Guerra em Gaza – o testemunho do Padre Hernandez da paróquia da “Sagrada Família”

2014-07-31 Rádio Vaticana

E a guerra continua em Gaza. O Hamas recusou a trégua humanitária de quatro horas anunciada por Israel. Duríssima a condenação do secretário-geral das Nações Unidas ao ataque de Israel a uma escola da ONU: “ato injustificável” e “escandaloso” – foi o que disse Ban Ki moon que condenou também o Hamas por esconder as suas armas nos edifícios escolares de Gaza. E os cristãos continuam a sofrer com esta tragédia. Gabriella Ceraso nossa colega da redação italiana da Rádio Vaticano ouviu telefonicamente o pároco da Sagrada Família, padre Jorge Hernandez:
"Infelizmente, o movimento da resistência está sempre perto das casas e pelas ruas. Este foi o nosso problema desta segunda-feira: a um certo ponto, não podíamos mais sair de casa. Depois começaram os bombardeamentos. Uma casa aqui, próxima da igreja, foi atingida, com graves consequências sofridas também pela casa paroquial e pela escola."
"Não podemos sair daqui: como podemos sair daqui levando trinta crianças portadoras de deficiência e nove pessoas idosas? Não é possível! Inclusive porque não se trata de órfãs, não somos responsáveis por elas. De facto, sem autorização não podemos fazer isso. Alem disso, sair pelas ruas é perigoso... Portanto, estamos aqui procurando resistir."
O padre Jorge Hernandez referiu-se ainda ao apelo para a paz no domingo passado feito pelo Papa Francisco:
"É um conforto para nós a proximidade do Papa. É necessário que alguém diga "Basta!" e que se dê um fim a este massacre, que é chocante. Tivemos uma graça, uma delicadeza do Papa Francisco que, há dias atrás, nos enviou um e-mail em que manifestava a sua proximidade à paróquia e nos assegurava a sua oração por todos os cristãos. Demos a notícia do e-mail a todos os párocos e aos cristãos, que, evidentemente, se sentiram muito confortados. Foi algo importante para nós. Infelizmente, nem sempre o Papa é ouvido. Outro dia vivemos uma tragédia: a casa de uma família cristã foi bombardeada, a mãe morreu, o pai ficou ferido e o filho mais velho, que também estava em casa, encontra-se agora no hospital lutando entre a vida e a morte. Nos hospitais aqui em Gaza não há meios, falta espaço, não há equipamentos necessários... Esta é a nossa situação."
 (RS)

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Card. Sandri: “Não haverá futuro sem a presença dos cristãos no Médio Oriente”

2014-07-30 Rádio Vaticana
“Não haverá nenhum futuro no Médio Oriente sem a presença e a contribuição dos cristãos”: foi o que disse o Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, durante a Divina Liturgia celebrada em San Diego, Califórnia, na Catedral da Eparquia caldeia. Rezando pelos cristãos perseguidos no Iraque, a pátria da Igreja Caldéia, o purpurado recordou também os cristãos da Síria, Palestina, Egito, assim como a delicada situação na Ucrânia dos greco-católicos, expressando a proximidade e o encorajamento do Papa a “perseverar com força na fé e na esperança”.
Citando, então, as palavras do Patriarca caldeu Louis Sako, o Cardeal Sandri destacou que hoje, “pela primeira vez na história do Iraque, em Mossul não há cristãos”, e que “o país se aproxima de um desastre humanitário, cultural e histórico”. Também o Patriarca Maronita Bechara Boutros Rai, acrescentou o cardeal prefeito, exortou os perseguidores dos cristãos ao diálogo, em nome da “humanidade comum”, e convidando a escolher o “diálogo, a compreensão, o respeito pelo outro” no lugar “de armas, do terrorismo e da violência”.
“Nenhuma religião - reiterou o Cardeal Sandri - pode aceitar matar os filhos de Deus, em nome do próprio Deus”, sublinhando que “os cristãos do mundo devem ser a voz” dos marginalizados da sociedade e devem “defender firmemente os seus direitos”. Daqui, o convite a rezar em silêncio, um silêncio que, no entanto, “não é de indiferença, porque extrai a sua força do silêncio de Cristo na cruz e está cheio de Amor eterno, do qual nada nos pode separar”.
Por fim, o cardeal expressou a sua alegria pela grande presença de sacerdotes na liturgia, juntamente com os animadores, o coro e os cerca de mil fiéis, pedindo paz e justiça para todos os que são afetados por uma violência incrível e sem sentido.
Na sua chegada, o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais foi recebido pelo bispo da Eparquia caldeia, Dom Sarhad Jammo, que destacou “o imenso conforto” que o representante pontifício trazia a todos os cristãos do Oriente com sua visita e a sua oração.
(SP/RS)

terça-feira, 29 de julho de 2014

Teólogo muçulmano sobre o proclamado 'califado': "o defino como um grupo terrorista"

2014-07-29 Rádio Vaticana
Roma (RV) -

“Eu não o defino como um Califado, mas como um grupo terrorista que representa uma deriva sectária”. Assim o teólogo muçulmano Adnane Mokrani, docente no Pontifício Instituto de Estudos Árabes e Islamistas (PISAI), comentou o avanço dos jihaditas do Estado Islâmico de Abu Bakr al-Baghdadi no Iraque a na Síria, ocorrida durante o mês sagrado dos muçulmanos, o Ramadã. O desenvolvimento desta formação terrorista – segundo o estudioso – é algo ainda misterioso e a sua história tem aspectos ainda desconhecidos”.
Sobre a perseguição do Estado Islâmico contra os cristãos iraquianos, o Prof. Mokrani reitera que a presença do cristianismo no Iraque, assim como na Síria, tem raízes históricas ligadas à sua origem. “As ações deste grupo – expulsar os cristãos, obrigá-los a mudar de religião ou a pagar uma taxa – não são somente contrárias aos direitos humanos mas vão contra os princípios e os valores do Islã”, explica o estudioso.
“Justamente por isto – continua – durante o Ramadã muitos muçulmanos, quer no Iraque como em outros países, expressaram a sua solidariedade aos cristãos de Mosul e de todo o Iraque. Temos, de fato, a necessidade da presença deles no Oriente Médio”.
Mokrani destacou ainda a necessidade de intensificar o diálogo inter-religioso, justamente em concomitância com o avanço deste grupo terrorista de matriz islâmica. “O diálogo islâmico-cristão é um caminho que devemos continuar sempre e que não tem nunca um ponto de chegada definitivo, sobretudo em tempos de crise”.
“Este grupo do Estado Islâmico – conclui o teólogo muçulmano – não representa o Islã em nada, pelo contrário, cria motivos e justificações para a islamofobia. Os muçulmanos devem trabalhar mais para erradicá-lo porque representa uma ameaça não somente contra os cristãos, mas sobretudo contra os muçulmanos. Devemos usar todos os meios possíveis para eliminá-lo”. (JE)

Papa em Caserta aos evangélicos pentecostais: o Espírito Santo faz a diversidade mas também a unidade



2014-07-29 Rádio Vaticana

O Espírito Santo faz a diversidade, mas faz também a unidade na Igreja – esta a mensagem principal do Papa Francisco durante o encontro nesta segunda-feira, dia 28, na "Igreja Pentecostal da Reconciliação" em Caserta, sul da Itália, aonde foi encontrar o Pastor Giovanni Traettino, seu amigo dos tempos de Buenos Aires e que, como ele, há muitos anos trabalha em prol do ecumenismo.
Participaram do encontro cerca de 200 pessoas, na sua maioria pentecostais oriundos, principalmente, da Itália, dos EUA e da Argentina. Foi um encontro muito belo e familiar, entre o Papa Francisco e o seu amigo Pastor reunido com a sua comunidade. Comovido, Traettino saudou o Papa por entre os aplausos afetuosos dos presentes:
"Caríssimo Papa Francisco, meu amado irmão, é grande a nossa alegria por esta sua visita: uma grande e inesperada graça, impensável até há pouco tempo atrás. E poderá ver isso nos olhos das crianças, dos idosos, dos jovens e das famílias. Nós gostamos de si! (aplausos)”
“E deve saber uma coisa: também entre nós, evangélicos, temos muito afeto pela sua pessoa (aplausos) e muitos de nós, todos os dias, rezamos por si. Aliás, é muito fácil gostar de si.”
“Muitos de nós até acreditam que a sua eleição a Bispo de Roma tenha sido obra do Espírito Santo (aplausos)."
O Pastor Traettino, que no dia 1 de junho passado participou no encontro do Papa com a Renovação Carismática no Estádio Olímpico de Roma, recordou o esforço do Santo Padre ao ir pela segunda vez a Caserta e afirmou: "Com homens como o senhor há esperança para nós cristãos!" Em seguida, falou da unidade da Igreja fundada em Jesus Cristo. Disse que o centro da nossa vida é estar na presença de Jesus e que a fé é um encontro pessoal com Ele. Por sua vez, o Papa falou da diversidade que não é divisão e recordou quem é que faz a unidade na Igreja:
"O Espírito Santo faz a diversidade na Igreja e essa diversidade é tão rica, muito bonita; mas, depois, o próprio Espírito Santo faz a unidade. E assim a Igreja é una na diversidade. E para usar uma palavra bela de um evangélico, que amo muito, é uma diversidade reconciliada pelo Espírito Santo."
A unidade – observou ainda o Papa – não é uniformidade, porque "o Espírito Santo faz duas coisas: faz a diversidade dos carismas, e depois faz a harmonia dos carismas". O ecumenismo é justamente buscar que "essa diversidade seja mais harmonizada pelo Espírito Santo e se torne unidade". O Santo Padre pediu perdão, como pastor dos católicos, pelas leis emanadas no passado contra os protestantes e de seguida, respondeu aos que ficaram surpresos pelo facto de o Papa ter ido visitar pentecostais dizendo-lhes que foi encontrar os irmãos:

"Alguém estará surpreso: 'O Papa foi visitar evangélicos!' Foi encontrar os irmãos! (aplausos). Agradeço-vos muito e peço que rezem por mim, preciso muito...para que, pelo menos, seja menos mau. Obrigado! (aplausos)."
 (RL/RS) 

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Jornal argentino recorda os primeiros 500 dias de pontificado de Francisco

2014-07-28 Rádio Vaticana
Buenos Aires (RV)
O jornal argentino “El Clarín” publicou em sua edição deste domingo um caderno especial dedicado aos primeiros 500 dias de pontificado do Papa Francisco.
Numa longa entrevista realizada na Casa Santa Marta em 7 de julho passado, o Pontífice aborda inúmeros temas, entre eles o da paz. Questionado o que faria com o dinheiro caso vencesse o Nobel da Paz, ele respondeu: “É um tema que não entra na minha agenda, digo a verdade. Sem demonstrar qualquer desprezo, jamais quis receber doutorados ou prêmios. Com toda franqueza, não me passa pela cabeça e muito menos o que faria com o dinheiro do prêmio. Porém, prescindido disso, creio que todos devemos nos empenhar pela paz, fazer todo o possível, o que eu posso fazer daqui. A paz é uma linguagem que se deve falar”.
Sobre a migração, Francisco elogiou o caso da Suécia, que nos últimos anos acolheu 800 mil migrantes diante de uma população de nove milhões e meio de habitantes e comparou a atitude do país com seus vizinhos: “A Europa tem medo”, disse. O jornalista apresentou ao Papa uma pequena fivela que pertenceu a um soldado que combateu a guerra das Malvinas, em 1982; o Pontífice a beijou.
O Papa falou da família, convidando a desligar a televisão nos momentos de convívio, principalmente quando todos se reúnem à mesa. “Às vezes, o consumismo chega a fagocitar o tempo e a não compartilhá-lo. Sei que ver televisão é uma ajuda, existem os noticiários, mas estar à mesa com a TV ligada não permite a comunicação”.
De modo especial, o Santo Padre ressaltou o papel das colaboradoras domésticas. Francisco contou que carrega sempre consigo, no bolso, uma pequena medalha do Sagrado Coração, que lhe foi entregue no leito de morte por uma senhora que ajudou sua mãe quando era criança.
“Era uma senhora que ajudava minha mãe a lavar roupa, quando ainda não existiam as máquinas de lavar e se fazia tudo à mão. Nós éramos cinco, minha mãe sozinha, e esta senhora vinha três vezes por semana para ajudá-la. Era siciliana, viúva com dois filhos, emigrada na Argentina depois que seu marido morreu na guerra”, conta Francisco, que depois perdeu contato com a senhora porque seus pais foram transferidos.
Muitos anos depois, Bergoglio a reencontrou e a acompanhou em seus últimos dez anos de vida. Antes de morrer, no leito de morte, fez questão de entregar ao Papa a medalha do Sagrado Coração.
“Toda noite, quando a tiro do bolso, a beijo, e toda manhã, quando a pego novamente, vejo a imagem daquela mulher. Era uma pessoa anônima, ninguém a conhecia, se chamava Concepción Maria Minuto. Morreu com o sorriso nos lábios e com a dignidade de quem sempre trabalhou. E por isso simpatizo com as colaboradoras domésticas, que devem ter reconhecidos todos os seus direitos sociais, todos. E não devem ser objeto de exploração ou maus-tratos”, disse ainda o Papa, recordando o apelo que fez no Angelus de 15 de junho passado, destacando o serviço “precioso” que prestam junto às famílias.

(BF)

sábado, 26 de julho de 2014

Editorial: A porta da paz

O nosso olhar nestes dias está fixo em dois pontos do Oriente Médio; Gaza, na Palestina, e Mossul no Iraque. A preocupação do Santo Padre pelo que está ocorrendo nestas duas cidades é constante, pois vê nestes lugares a síntese do grande drama e da dor que atingem a humanidade. É um pouco a síntese da violência que atinge homens e mulheres, crianças e idosos indistintamente. É a síntese da dor que a guerra e o extremismo religioso podem causar. Falando sobre Gaza, alguém afirmou que é uma luta dos poucos que se conhecem; mas quem paga são os muitos que não se conhecem, ou seja, os líderes de ambos os lados são conhecidos, mas as pessoas que morrem ou vêem suas casas destruídas não, são estatísticas.

O apelo por um cessar-fogo e para o retorno ao diálogo brota incessantemente das palavras do Papa Francisco que, recentemente, como peregrino da paz, visitou a Terra Santa, lançando sementes de esperança e de paz que neste momento estão sendo sufocadas pelas pedras da guerra. Quase paralelo ao drama vivido na Faixa de Gaza temos o drama dos cristãos da cidade iraquiana de Mossul, expulsos de suas casas quase como se fossem leprosos - uma imagem dos tempos passados quando os leprosos eram expulsos de seus lares. A lepra desses homens e mulheres é ter Cristo no coração. Pagam a escolha de serem cristãos.
Mas nem tudo está perdido. Nos dias passados o site caldeu ankawa.com contou a história de um professor universitário muçulmano que em Mossul foi assassinado após dizer abertamente que era contra a perseguição dos cristãos. Além da opressão que os cristãos vivem na região, o grupo extremista Estado Islâmico (EI) fixou em 450 dólares a tarifa jizya (taxa islâmica para não muçulmanos). Essa é a taxa que cada família cristã deve pagar por mês para permanecer nos locais dominados pelos extremistas islâmicos, como Mossul. Os cristãos acabam tendo que decidir entre ficar e pagar a taxa, – o que é quase impossível porque quase ninguém tem trabalho neste local em guerra – viver as perseguições, ou fugir.
O professor muçulmano teve um ato de extrema virtude e coragem, consciente dos perigos que corria. Da mesma forma, outros muçulmanos lançaram em Bagdá a campanha “Sou iraquiano, sou cristão”, como resposta à letra “N” de nazarat, desenhada nas paredes das casas dos cristãos de Mossul. Alguns muçulmanos apresentaram-se com um cartaz com este slogan à frente da Igreja caldeia de São Jorge, em Bagdá. Estes são sinais contra a corrente, porém, a loucura dos fundamentalistas do Estado Islâmico não diminui. Eles continuam com seu propósito de “limpeza étnica”.
Nos dias passados em entrevista ao jornal vaticano L’Osservatore Romano, o Cardeal Kurt Koch, Presidente do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos, levantou a sua voz afirmando que “precisamos ser mais corajosos em denunciar as perseguições contra os cristãos, porque hoje temos mais perseguições do que nos primeiros séculos depois de Cristo”. Calcula-se - explica Dom Koch - que 80% das pessoas perseguidas por causa de sua fé sejam cristãs. "Acredito que estamos calados demais", concluiu.
Talvez seria o momento da dor unir, transformando-se em um alicerce para a construção de um futuro desejado por muitos, como São João Paulo II, “ut unum sint”, para que todos sejam um. Um forte desejo de união, principalmente nos países onde os cristãos são perseguidos e obrigados a fugir. Nestes países, no futuro, teremos somente igrejas vazias, sem homens, sem almas, somente cimento.
Mossul e Gaza: a primeira cidade, sem a semente do cristianismo, cancelada pela arbitrariedade de poucos e com a violência. Gaza; terra banhada nestes dias pelo sangue de tantos inocentes, onde presenciamos um conflito, um massacre, que distancia os corações e a paz. Sim, porque os corações de israelenses e palestinos neste momento estão se enchendo de ódio, um sentimento que ofusca a razão e impede o diálogo. O Patriarca Latino Emérito de Jerusalém, Michel Sabbah afirmou que “os meios para se chegar à paz não podem ser senão meios de paz. As guerras, as armas, os massacres são incapazes de garantir a paz”.
O apelo pela paz em Gaza e pelo o diálogo em Mossul brota freneticamente de todos os lados, mas é necessário mais do que palavras, são necessários gestos concretos, reais. Cristãos de um lado e muçumanos de outro têm medo e vivem o pesadelo de não ver a aurora do dia seguinte, de não ver seus filhos crescerem. O Papa Francisco pede, insiste, implora, que o valor da vida seja respeitado, que o homem independentemente da sua raça, cor ou religião, merece respeito. A porta para entrar na paz é aberta pela justiça, que tem início com o encontro da verdade. O diálogo é iter para povos viverem dignamente a condição de filhos de Deus.
(Silvonei José)
2014-07-26 Rádio Vaticana - Cidade do Vaticano (RV)

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Visita surpresa de Francisco ao refeitório vaticano

2014-07-25 Rádio Vaticana - Cidade do Vaticano
O Papa Francisco fez uma visita surpresa nesta sexta-feira ao refeitório localizado na zona industrial do Vaticano, onde almoçam funcionários da Santa Sé. Alguns já estavam à mesa, enquanto outros faziam fila no self-service, quando para surpresa de todos, por volta das 12h10min, entrou no recinto o inesperado hóspede.

O Santo Padre apresentou-se como um freqüentador habitual, ocupando normalmente um lugar na fila, segurando uma bandeja e aguardando a sua vez. Serviu-se de massa, uma porção de merluza, verdura gratinada e um pouco de batata frita. “Não tive coragem de apresentar a conta a ele”, confidenciou emocionada Claudia Di Giacomo, que naquele momento fazia serviço de caixa.
Francisco, sorridente, estendeu a mão a muitos dos presentes. Na mesa, sentou-se ao lado de cinco funcionários uniformizados da Farmácia vaticana. “Descrevemos o nosso trabalho, em quantos somos e como se desenvolve. E ele nos falou das suas origens italianas”, explicou um dos comensais. Seus colegas logo completaram, dizendo que falaram de futebol, mas também de economia.
A cada instante alguém se aproximava para um selfie. Máquinas fotográficas, celulares, tablets e toda a tecnologia disponível na ocasião foi usada para registrar o inusitado momento. Mesmo com o verdadeiro “assédio tecnológico”, o Papa Francisco continuou a sorrir e a comer, continuando a conversa com seus interlocutores.
No final do almoço, por volta das 12h50min, o Pontífice se levantou e com alguns operários posou para a clássica fotografia-recordação, num clima de grande familiaridade. Após conceder sua bênção aos presentes, subiu no carro de seu ajudante de quarto, Sandro Mariottti - que o acompanhou -, e retornou à Santa Marta.
O inesperado almoço durou cerca de quarenta minutos. Um tempo breve, mas suficiente para conhecer outro ângulo do mundo vaticano e das pessoas que nele trabalham.
Em 9 de agosto de 2013, Francisco havia visitado a fábrica de São Pedro, ocasião em que encontrou marceneiros, soldadores, hidráulicos, eletricistas e funcionários do L’Osservatore Romano. (JE)

quinta-feira, 24 de julho de 2014

Papa Francisco encontra sudanesa Meriam condenada à morte por ser cristã

2014-07-24 Rádio Vaticana - Cidade do Vaticano (RV) -
O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira, 24 de julho, na Casa Santa Marta, Meriam Yahia Ibrahim Ishag, jovem sudanesa de 26 anos condenada à morte em maio, no Sudão, por ter se casado com um cristão e - aos olhos da lei islâmica - ter se "convertido" ao cristianismo. Na verdade, Meriam, que cresceu com a mãe cristã, nunca praticou o Islã. Apesar disso, a sentença se baseou na lei islâmica vigente no Sudão desde 1983, que proíbe as conversões, e suscitou uma onda de indignação mundial.

No encontro com Francisco, Meriam estava acompanhada de seu marido Daniel Wani, que também é cidadão estadunidense, e seus dois filhos, Martin de um ano e meio, e Maya, que nasceu na prisão.
A família chegou ao Vaticano acompanhada pelo vice-ministro das Relações Exteriores da Itália, Lapo Pistelli, que mediou o acordo para trazer Meriam e sua família à Itália, de onde partirão agora para os Estados Unidos.
O encontro com o Pontífice durou pouco menos de meia hora e se realizou num clima sereno e afetuoso. O Papa agradeceu a Meriam e sua família pelo testemunho corajoso de constância na fé. Meriam agradeceu apoio e conforto recebido por meio da oração do Papa e de tantas outras pessoas de boa vontade.
Ao receber Meriam e sua família, Francisco manifestou sua proximidade, atenção e oração também por todos aqueles que sofrem por causa de sua fé e pelos cristãos que sofrem perseguições ou limitações impostas à liberdade religiosa.
(MJ)


D. Tomasi, Observador da Santa Sé na ONU: "a violência não levará a lugar nenhum, nem agora, nem no futuro"

2014-07-24 Rádio Vaticana
“A voz da razão parece abafada pelo barulho das armas”. Foi o que afirmou o Observador Permanente da Santa Sé junto da ONU em Genebra, D. Silvano Tomasi, ao discursar na Sessão Especial do Conselho da ONU para os Direitos Humanos, dedicada à escalada do conflito israelo-palestiniano.
D. Tomasi reiterou que “a violência não levará a lugar nenhum, nem agora, nem no futuro”. A perpetuação de injustiças e a violação dos direitos humanos, em particular o direito à vida e a viver em paz e segurança – prosseguiu – semeiam sementes frescas de ódio e de ressentimento. Está a ser consolidada uma cultura da violência, cujos frutos são destruição e morte. A longo prazo, não podem haver vencedores na tragédia atual, somente mais sofrimento. A maior parte das vítimas – disse ainda D. Tomasi – são civis que pelo direito humanitário internacional, deveriam ser protegidos. As Nações Unidas estimam que cerca de 70% dos palestinianos mortos são civis inocentes. Isto é intolerável, assim como os foguetes lançados indiscriminadamente contra objetivos civis em Israel. As consciências estão paralisadas por um clima de violência prolongada, que procura impor a solução por meio do aniquilamento do outro. Demonizar os outros, todavia, não elimina os seus direitos. Pelo contrário, o caminho para o futuro está em reconhecer a nossa comum humanidade”.O Observador Permanente da Santa Sé no Escritório da ONU em Genebra cita ainda um discurso do Papa Francisco em Belém na sua peregrinação à Terra Santa: “Pelo bem de todos – havia dito o Pontífice – existe a necessidade de intensificar os esforços e as iniciativas voltadas a criar as condições de uma paz estável, baseada na justiça, no reconhecimento dos direitos de cada um e na recíproca segurança. É chegado o momento para todos, de ter a coragem da generosidade e da criatividade à serviço do bem, a coragem da paz, apoiada no reconhecimento por parte de todos do direito de dois Estados, a existir e a gozar de paz e segurança dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas”.
(JE/RS)

quarta-feira, 23 de julho de 2014

Investir em valores

2014-07-23 Rádio Vaticana
Uberaba(RV)

O iter da história, nos últimos tempos, tem perdido muitos valores que são fundamentais para uma vida que dá autenticidade para a sociedade. Quem mais tem sofrido com isto é a família, porque vem perdendo sua identidade, sua prática comunitária, a hierarquia dos valores e o respeito entre as pessoas. A causa está focada no individualismo vigente, dificultando uma relação de maior fraternidade.
Na Palavra de Deus encontramos a cena do Rei Salomão, que em vez de pedir ao Senhor riqueza, pede sabedoria, um dom que o ajudasse a distinguir o bem do mal e assim poder orientar melhor o seu povo (I Rs 3, 9). Isto significa ter visão administrativa e cuidado em relação aos governados, agindo com responsabilidade.Mesmo convivendo com uma sociedade chamada de moderna, no auge da ciência e da tecnologia, lidamos com coisas “novas e velhas”. A novidade está patente e muito vislumbrada pelos nossos olhos. As coisas velhas fazem parte da tradição, que foram valores no passado e ajudam na formação do perfil da nova cultura.
É preciso investir em “coisas” que realmente são valores para dar fecundidade e sentido duradouro à vida. Valores passageiros corroboram com a frustração, o vazio e desmotivação para uma vida sadia. Talvez esteja aí a causa de tanto stress nas pessoas, culminado com doenças psicológicas e até suicídio.Investir no bem supõe ter a sabedoria que Salomão pediu. Com isto ele conseguir ter juízos sábios, reconhecendo valores de sustentação para a vida do povo. Levou em conta a justiça, a bondade e lutou para eliminar as falsidades que enfeitam a vida do povo, mas não lhe proporcionam felicidade duradoura.
Em meio a valores de hoje, constatamos muitas coisas que não prestam e são riquezas imediatas. Importa saber fazer triagem, ficando com o que ajuda na estabilidade da vida. Não é fácil renunciar o que está na moda, porque significa ir contra o mercado da sociedade de consumo. Importa investir numa sociedade que encarne melhor a justiça do Reino querido por Deus.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba.

terça-feira, 22 de julho de 2014

Iraque: Mossul não tem mais cristãos

2014-07-22 Rádio Vaticana- Cidade do Vaticano (RV)
Irmãos e irmãs “perseguidos”, “expulsos” de suas casas, “despojados de tudo”: são os cristãos de Mossul, e, em geral do Iraque, nas palavras do Papa, no Angelus do último domingo. O Pontífice rezou mais uma vez pela reconciliação e a paz no país em meio a violências e ataques perpetrados por militantes jihadistas do Estado islâmico. “Um crime contra a humanidade”.

Sobre a perseguição de cristãos em Mossul perpetrada pelos milicianos jihadistas do ISIL e por grupos armados ligados a eles também se expressou o Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon. Depois da destruição na segunda maior cidade do Iraque da sede episcopal dos sírio-católicos, nas últimas horas os extremistas do auto-proclamado “Califado islâmico” tomaram posse do antigo mosteiro de Mar Behnam, perto Qaraqosh, até agora confiado aos monges sírio-católicos. Isto foi confirmado pelo Arcebispo sírio-católico de Mossul, Yohanna Petros Moshe, à agência Fides.
Sobre a emergência dos cristãos de Mossul, está programada para hoje em Ankawa, perto de Erbil, no Curdistão iraquiano, uma reunião dos bispos locais com diplomatas estrangeiros e políticos do país. Enquanto em todo o Iraque continuam as violências e os ataques, com 16 vítimas somente nesta última noite em Mahmoudiya e em Abu Ghraib, subúrbio de Bagdá, a comunidade cristã do Iraque cada vez mais corre o risco de desaparecer.
“A comunidade internacional mostra uma inquietante passividade perante aquilo que está acontecendo naquela área. É preciso sair das declarações vagas e adotar medidas concretas. Já passou da hora de inserir esses grupos na lista das organizações terroristas condenadas pelos organismos internacionais e, sobretudo, divulgar os nomes dos países que os financiam”, criticou o sacerdote sírio-católico Nizar Semaan, falando à agência Fides. Recentemente, o Estado Islâmico, responsável pela criação de um califado em territórios da Síria e do Iraque, ordenou que todos os cristãos de Mossul, localizada a 30 km de Qaraqosh, deixassem a cidade. Ao assumir o controle das cidades, o grupo jihadista impõe a lei islâmica (sharia), proíbe o consumo de álcool e tabaco e obriga as mulheres a usarem véus.
Também o primeiro-ministro iraquiano, Nuri al-Maliki, dirigiu um apelo a todos os países do mundo, para que “reajam unidos contra o último crime do Estado Islâmico, que expulsou com a força os cristãos de Mossul”. E imensa dor pela sorte desesperada de tantas pessoas inocentes foi expressa pelo Cardeal Leonardo Sandri, Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, durante a Santa Missa celebrada nesta segunda-feira em Los Angeles, por ocasião da festa maronita de São Charbel e de Sant'Elia.
O cardeal, que também recordou o sofrimento dos cristãos da Síria e todo o Oriente Médio, lembrou as palavras do Papa Francisco no Angelus do último domingo. “A violência se vence com a paz”, reiterara o Papa.
Sobre a oração do Santo Padre pelos cristãos do Iraque, o testemunho de Dom Saad Syroub, bispo auxiliar caldeu de Bagdá, que nos últimos dias tinha lançado um apelo vibrante pela paz através da organização Ajuda à Igreja que Sofre: “O apelo do Papa chegou no momento certo, porque eles são realmente perseguidos: foram expulsos de suas casas, das suas terras, da sua cidade, apenas porque são cristãos! A pessoa é, então, maltratada e perseguida por causa de sua religião, da sua confissão”, destacou o prelado.
(SP)

Conheça on-line o manuscrito da terceira parte do segredo de Fátima

2014-07-22 Rádio Vaticana = Fátima (RV) 
Neste mês de julho, em que se celebram as aparições de Nossa Senhora em Fátima, o Santuário disponibilizou on-line o Manuscrito da Terceira Parte do Segredo revelado aos pastosinhos.

A iniciativa faz parte da exposição “Segredo e Revelação”, inaugurada em novembro de 2013, e aberta ao público até 31 de outubro de 2014.
A exposição mostra pela primeira vez o Manuscrito da Terceira Parte do Segredo de Fátima, e a partir deste mês pode ser contemplado no endereço:
http://segredoerevelacao.fatima.pt
“Tomando como mote a aparição de julho de 1917, o Santuário de Fátima apresenta, através de documentação histórica e de espólio artístico, uma das mais importantes temáticas de Fátima: o Segredo que, desde a Cova da Iria, leva à contemplação de todo um mundo contemporâneo”, explica Marco Daniel Duarte, diretor do Serviço de Estudos e Difusão do Santuário de Fátima e comissário da exposição.
A mostra “Segredo e Revelação” põe em destaque as três partes do chamado Segredo de Fátima e mostra pela primeira vez ao público o Manuscrito da Terceira Parte do Segredo, escrito pela vidente Lúcia, pertença dos arquivos da Congregação para a Doutrina da Fé e que, com autorização expressa do Papa Francisco, está agora exposto em Fátima.
O percurso expositivo, que tem como fio condutor interpretação teológica do Segredo de Fátima feita pelo então Cardeal Joseph Ratzinguer, leva o visitante a entrar nas três partes do Segredo, tituladas como: “A visão do inferno”, “O Imaculado Coração de Maria” e “A Igreja mártir”.
Até ao dia 13 de julho, a exposição contou quase 110 mil visitantes.(BF/Santuário Fátima)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

Missas em Sta.Marta permitiram a “despapolatrização” – a opinião de José Carlos Carvalho, biblista português

Esta semana é mais uma das várias semanas deste verão em que as Missas em Santa Marta com o Papa Francisco estão suspensas. Serão retomadas no dia 1 de setembro, segunda-feira. Neste tempo, em que já vamos sentindo a falta deste momento de celebração eucarística, de comunhão e comunicação com o Santo Padre, podemos formular algumas reflexões sobre esta novidade do pontificado do Papa Francisco. Assim, pedimos a opinião do biblista português, José Carlos Carvalho que considerou que as Missas em Santa Marta permitiram a “despapolatrização”. Este professor da Universidade Católica Portuguesa considera que o Papa nas suas homilias em Santa Marta conversa como “um pastor que vive no meio do seu rebanho”. E isso ajuda a “desabsolutizar” e a “despapolatrizar” a figura papal, apresentando uma nova maneira que só por si já “é uma graça”. Ouçamos as declarações deste teólogo e biblista português, José Carlos Carvalho:

“ O Papa Francisco não vai conseguir mudar tudo, mas se deixar um estilo, uma marca, uma nova maneira de estar, só por isso já valeu a pena, já foi uma graça… O Papa fala num estilo muito mais coloquial, parece que o Papa se tornou um pároco… Mas qual é para mim a grande vantagem disso: é que falar assim em Santa Marta ajuda à despapolatrização dessa figura. Porque havia, sobretudo com João Paulo II, um processo de papolatria e de endeusamento que já lá vem desde o final do século XIX, evidentemente, com toda uma tradição monárquica, feudal por trás.
“E, por isso, Santa Marta ajuda a ver que estamos diante de um pastor, que vive no meio do seu rebanho, não no seu trono lá em cima e, só por isso, é uma marca que torna a vida da Igreja muito mais simples e que ajuda a desabsolutizar. É a tal despapolatrização!
“Porque o Papa foi, de algum modo também uma figura idolatrada, não apenas pelos mass media mas inclusivé dentro da própria Igreja. E Santa Marta vem ajudar a ver que esta figura afinal não é desumana, nem sobre-humana, nem anti-humana, continua a ser humana. Aquilo que o Papa chama muitas vezes: ‘nós somos normais’, não é!? E o Papa como pastor não tem outra missão senão falar também para o seu rebanho no meio do seu rebanho. Não acima do seu rebanho, como se não tivesse nada a ver com ele. E também a conversar que é o que é a homilia… A homilia como diz a etimologia original no grego é uma conversa, é um comentário. E nesse sentido eu penso que Santa Marta ajuda a desmistificar um pouco a desconstruir um pouco uma imagem que foi criada, que dá muito jeito aos mass media e à qual a própria Igreja se encostou durante séculos.”
“Só por criar uma nova imagem, um novo estilo, só por isso vale a pena!”
 (RS)