terça-feira, 30 de setembro de 2014

Papa: "Rezar pelos que realmente sofrem e preparar-se para os momentos de escuridão"


2014-09-30 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

A homilia do Papa na missa celebrada na manhã de terça-feira, 30, na Casa Santa Marta, se inspirou na Primeira Leitura do dia, extraída do livro de Jó.
Jó amaldiçoou o dia em que nasceu, amaldiçoou a sua vida. “Ele foi colocado à prova, perdeu toda a família, todos os bens e a saúde, todo o seu corpo se transformou numa chaga, uma nojenta ferida”. Naquele momento, prosseguiu Francisco, “acabou a paciência e ele diz estas coisas, coisas feias! Mas ele estava acostumado a dizer a verdade, e esta é a verdade que ele sentia naquele momento”. Jeremias também usa estas mesmas palavras: “Maldito o dia em que nasci”! A partir daí, Francisco fez a pergunta: “Este homem, tão só, está dizendo uma blasfêmia?”
Muitas vezes, ouço pessoas que estão passando por situações difíceis, dolorosas, em que perderam tudo, se sentem sós e abandonadas... vêm reclamar e me pergutnam: por que? E se rebelam contra Deus. Eu então lhes digo: “Continue a rezar assim, porque isto é uma oração. Quando Jesus disse a seu Pai ‘Por que me abandonou?’ ele estava rezando!”
E Jó também está fazendo uma oração, porque rezar é se tornar verdade diante de Deus. Jó não podia rezar de outro modo. “Reza-se com a verdade; a verdadeira oração vem do coração, do momento que vivemos; é a oração dos momentos da escuridão, quando não vemos esperanças, não vemos o horizonte”.
“Muita gente, hoje, está na situação de Jó. Muita gente boa, como Jó, não entende o que lhe aconteceu, porque está assim. Muitos irmãos e irmãs estão sem esperança. Pensemos nas grandes tragédias, por exemplo, nestes nossos irmãos que por serem cristãos são expulsos de suas casas e ficam sem nada. ‘Senhor, eu acreditei em você. Por que? Crer foi uma maldição, Seenhor?’”
O Papa continuou convidando a pensar nos anciãos deixados de lado, nos doentes, nas pessoas sozinhas, em hospitais. A Igreja reza por todas estas pessoas, e também por nós, quando caminhamos pelas trevas. A Igreja assume esta nossa dor e reza. Mas nós, quando estamos sem doenças, sem fome, sem necessidades urgentes – advertiu – quando temos a escuridão na alma, pensamos que somos mártires e paramos de rezar. Alguns até dizem: ‘Não vou mais à Igreja! Francisco recordou que Santa Teresa do Menino Jesus, nos últimos meses de sua vida, tentava pensar no céu, dentro de si, como se uma voz lhe dissesse: ‘Não seja boba, não invente coisas; sabe o que te espera? Nada!’
"Tantas vezes passamos por esta situação, vivemos esta situação. E tanta gente que somente pensa em acabar no nada. E ela, Santa Teresa, orava e pedia força para seguir em frente, na escuridão. Isto se chama 'entrar na paciência'. A nossa vida é muito fácil, as nossas lamentações são lamentações de teatro. Diante das lamentações de tanta gente, de irmãos e irmãs que estão na escuridão, que quase perderam a memória, a esperança - que vivem aquele 'exílio de si mesmo', estão exilados também de si próprios - nada! E Jesus percorreu este caminho: da noite no Monte das Oliveiras até a última palavra na Cruz: 'Pai, porque me abandonaste?'".
Francisco, então, indicou duas "coisas" que podem servir. "Primeiro: preparar-se, para quando vier a escuridão", que talvez não será tão dura como foi para Jó, "mas teremos um tempo de escuridão. Preparar o coração para este momento". E segundo: "Rezar, como reza a Igreja, com a Igreja, por tantos irmãos e irmãs que sofrem o exílio de si próprios, na escuridão e no sofrimento, sem uma esperança palpável". É a oração da Igreja - concluiu - por estes 'Jesus sofredores', que existem por tudo". (CM)

sábado, 27 de setembro de 2014

Reflexão para o XXVI Domingo do Tempo Comum


2014-09-27 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano - (RV)

A vida, por vezes, nos coloca em situações difíceis e dolorosas. Temos, então, o hábito de culpar alguém e, nessa busca de encontrar um culpado, chegamos a Deus, já que nos sentimos imunes de qualquer culpa.
Mas o que diz a Sagrada Escritura a respeito disso?
No Livro de Ezequiel, primeira leitura da liturgia deste domingo, fala da responsabilidade individual nas vicissitudes da vida. Os membros do povo eleito estavam acostumados a jogar a culpa no grupo ou nos antepassados e se sentirem individualmente injustiçados por pagarem a culpa da coletividade. Até dizem: “A conduta do Senhor não é correta”. O Profeta Ezequiel vai em defesa do Senhor dizendo que o Senhor não quer a morte do pecador, pois Ele é vida e, muito pelo contrário, o Senhor oferece a seu povo a oportunidade de um recomeço. Deus sempre está disposto a ajudar aqueles que, se convertendo, reconstroem a própria vida. “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e observa o direito e a justiça, conserva a própria vida; não morrerá,” nos fala a leitura.
No Evangelho, vemos nos dois filhos ali retratados, as pessoas que acolhem a Palavra de Deus, mas nada fazem depois, e aqueles que a rejeitam inicialmente, mas que depois vão e fazem tudo de acordo com o coração do Senhor.De que grupo fazemos parte?
Fomos batizados, ou seja, através de nossa própria língua ou da de nossos padrinhos, professamos a fé em Deus e prometemos obedecer seus mandamentos de amor. É isso que vivemos no nosso dia a dia? Até onde nosso egocentrismo foi batizado? Amar é sair de si, a partir de onde o egoísmo começa a mostrar suas raízes e seus brotos.Como vemos, em nós existe o filho mais novo, que não era de natureza acolhedora aos desejos do Pai, mas que se converteu e passou a caminhar unido ao seu coração. Contudo, como ainda estamos nesta vida e somos a toda hora bombardeados por apelos contrários à nossa opção fundamental e vemos que muitas vezes caímos, observamos que em nós subsiste o filho mais velho, que disse sim ao Pai, mas que depois faz o que o desagrada.
Concluímos vendo que a atitude de permanente conversão, de estado contínuo de exame de consciência e disposição para se levantar, deve estar presente em toda nossa vida.
Somos responsáveis por nossos atos, mesmo que tenhamos consciência de que somos frutos da família e da sociedade, enfim, de nosso mundo. Temos a capacidade de romper com o passado e caminhar em direção a Deus e aos irmãos. Se nos sentimos fracos, a graça de Deus nos fortalece. O humilde, aquele que não conta com seus dons, mas reconhece seus pecados e sua debilidade, esse triunfará porque abre, em sua vida, espaço para Deus, e Deus é vida, Deus é amor.
Pe. Cesar Augusto dos Santos, S.J.

Editorial: O choro de um Papa



2014-09-27 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

O Papa chorou em terras albanesas, e a emoção de Francisco fez o giro do mundo. Mas por que o Papa chorou? Bergoglio se comoveu e comoveu o mundo, quando ouviu o testemunho de um sacerdote e de uma religiosa antes da celebração das Vésperas no último domingo na Catedral de São Paulo, na capital albanesa. O testemunho do sacerdote e da religiosa fez os presentes mergulharem no passado de um país que padeceu a violência da perseguição religiosa: ambos contaram suas experiências pessoais, durante o antigo regime ditatorial e de perseguições contra a Igreja e o clero no país.
Os dois sobreviventes do martírio na Albânia testemunham na Catedral de Tirana a sua fé incondicional a Cristo... e o Papa Francisco, chorou.
Bergoglio improvisando seu discurso – disse que não pronunciaria o seu discurso preparado - ficou tão emocionado que não deixou passar aquele momento em branco e com voz embargada, disse: “Hoje quando retornarmos a casa pensemos sobre isso, hoje tocamos os mártires”. Francisco confidenciou que tinha se preparado muito para esta visita ao país das águias, lendo a história de perseguição na Albânia, mas para ele – foi outra confidência - foi uma surpresa, pois não sabia que esse povo tinha sofrido tanto. “Uma nação de mártires”, acrescentou.
A Igreja da Albânia depois de décadas de sofrimento, vinte anos atrás conheceu a luz da liberdade, abandonou o longo inverno da perseguição, do silêncio de catacumba, imposto por um regime que se dizia ateu. A liberdade de um país que teve sua fé machucada pela opressão, tem hoje o rosto, o sorriso e a paz expressa pelos dois religiosos que deram seu testemunho diante do Papa e do mundo. Dois religiosos que, até o fim, contra a corrente, jamais abandonaram aquele amor que tudo consola, o amor a Jesus Cristo. São os rostos envelhecidos e os corpos curvados de padre Ernest Simoni, 84 anos e da irmã Marije Kaleta, 85 anos.
O testemunho e a coragem desses dois filhos da Igreja, junto com o modelo de convivência de um povo composto por várias religiões, são as chaves que nos permitem abrir a porta e compreender o significado da viagem do Papa Francisco a uma terra que foi banhada pelo sangue de fiéis inocentes.
Este país reerguendo-se das cinzas de um passado a ferro e fogo, constrói hoje um modelo de fraternidade, não só para os Bálcãs, região onde se encontra, mas para toda a Europa, que, mais do que nunca, necessita de sentido de pertença e de voltar aos valores sobre os quais foi construída. Na sua mensagem no livro de Ouro no Palácio Presidencial, Papa Francisco recordava o seu afeto a esse povo: com “respeito e admiração pelo seu testemunho e fraternidade para levar o país em frente”.
Nesta terra, não distante do Vaticano – pouco mais de uma hora de vôo – o Bispo de Roma não usou meios termos para falar ao mundo sobre uma verdade que jamais pode ser discutida: “Ninguém pense que pode usar Deus como escudo enquanto projeta e pratica atos de violência e de vexação!”. Disse ainda que “a religião autêntica é fonte de paz e não de violência” e repetiu: “matar em nome de Deus é um grande sacrilégio!”. Palavras fortes e duras que marcam o sentido profundo de uma viagem a um país que conheceu a tristeza da tentativa de banir Deus da sua vida.
Foi uma viagem a um país pequeno, de certo modo insignificante no que diz respeito à economia, à política, à ação militar; um país da periferia. Mas depois do último domingo, o mundo passou a conhecer um país, um povo, onde a cooperação étnica e religiosa é exemplo para todos.
A Albânia conheceu o horror da guerra e das perseguições, mas hoje percorre o caminho da paz, da convivência e da colaboração. O Pontífice deixou o país dos Bálcãs com um recipiente de cristal com terra deste país que deu ao mundo Madre Teresa de Calcutá, um presente entregue pelo primeiro-ministro em nome de todos os albaneses. Quase para recordar que o mundo da solidariedade moderna nasceu neste país, com aquela que se dizia “o lápis nas mãos de Deus”: ela o símbolo daquela abnegação que tanto Francisco prega.
O Papa chorou em terras albanesas, porque pôde ouvir da voz de mártires, que contaram as indizíveis atrocidades que o homem é capaz de fazer contra o homem... e falaram com a serenidade de alguém que encontrou a paz e recebeu o consolado de Deus. Assim o testemunho que chega do povo da Albânia e da sua história é precioso neste tempo em que o nome de Deus é usado para justificar a violência e o desvio do autêntico sentido da religião. (Silvonei José)

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Existe reencarnação?

O que existe depois desta vida e que consequência me trará a maneira como eu vivo?
“Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo” (Hebreus 9,27).
Uma parte da humanidade crê na reencarnação, ou seja, pensa que a alma, depois da morte, encontra outro corpo no qual possa habitar. Essa crença, muito antiga, constitui o fundamento de várias religiões, dentre as quais o budismo, o hinduísmo, o espiritismo, entre outras. Muitas pessoas, nos países ocidentais, também acham essa doutrina convincente e acreditam que ela seja compatível com o Cristianismo. A vantagem disso, segundo elas, é que os incrédulos teriam uma ou mais oportunidades de se redimirem dos erros. Pura falácia!
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Essa doutrina é fundamentalmente oposta ao ensino das Sagradas Escrituras. Ela não faz mais que expressar a confusão do ser humano diante da morte e da desesperada necessidade de consolo nesse momento. O que existe depois desta vida e que consequência me trará a maneira como eu vivo?
Em Sua Palavra, Deus nos dá a única verdadeira resposta para tal pergunta: todos os homens pecaram e estão condenados ao castigo eterno (cf. Romanos cap. 6), no entanto, o Senhor nos oferece Sua maravilhosa graça salvífica por intermédio de Jesus Cristo, que expiou os pecados de toda a humanidade na cruz. No entanto, somente aqueles que, pela fé, O recebem em seu coração são purificados de seus pecados, recebem a vida eterna e são adotados por Deus como Seus filhos.
A doutrina bíblica diz que “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso, o juízo”. Tomar a cruz significa ter gosto pelo sofrimento? (cf. Hebreus 9,27). O perdão de Deus é definitivo: não há ciclos a serem completados, não há evolução a ser alcançada.Portanto, nada há em comum entre a reencarnação e a esperança cristã da ressurreição1.
“Disse-lhes Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu nisso?” (João 11,25-26).
Escreve o teólogo José Cabral, autor do livro “Religiões, Seitas e Heresias”, sobre o assunto: “O espiritismo nega todas as doutrinas básicas da fé cristã. Os livros, jornais, revistas e publicações espíritas nada têm de cristãos. Espiritismo cristão não existe; é mero rótulo2.
A ressurreição
Na cidade de Corinto, alguns diziam que não havia ressurreição de mortos (cf. I Coríntios 15,12). Então o apóstolo Paulo afirmou: “se não há ressurreição de mortos, também Cristo não ressuscitou. E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé [...]. Somos os mais miseráveis de todos os homens” (I Cor 15, 13-14.19).
A ressurreição é a própria fundamentação doutrinária do Evangelho. Foi necessário o poder de Deus para ressuscitar a Cristo dentre os mortos. Esse mesmo poder é exercido para com os que creem n’Ele (cf. Efésios 1,19-20).
Não se trata somente da existência eterna da alma do crente, mas também da ressurreição dos corpos: “Esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Filipenses 3, 20-21).
Nosso Senhor Jesus Cristo falou em João 5, 28-29: “Vem a hora em que todos os que estão nos sepulcros ouvirão a sua voz. E os que fizeram o bem sairão para a ressurreição da vida”. Gloriosa realidade para o crente! “Os que fizeram o mal, para a ressurreição da condenação”. Horrenda perspectiva para os que se recusam a receber a salvação que Deus lhes oferece. Acreditar e viver o ensinamento de Cristo é viver já essa ressurreição. Pela fé vivemos a certeza das glórias celestiais. A graça e o amor de Deus nos elevam à feliz eternidade.
“Cristo ressuscitou dentre os mortos e foi feito as primícias dos que dormem” (I Cor 15,20).
“Só uma coisa importa: que nos encontremos em Jesus Cristo para entrar na vida verdadeira pela ressurreição”, afirmou Santo Inácio de Antioquia 3.
Notas:
  1. Passagens Bíblicas e Reflexões. Boa semente Devocional de 2009.
  2. Cabral, José. Religiões, seitas e heresias. São Paulo: Editora Folego, 2011 p. 147.
3. Soares, Hélio. O que dizem os santos: 3000 pensamentos em mais de 200 atributos. Uberlândia, MG. Editora A Partilha, 2010, p. 277.

Fonte Canção Nova
Leia mais:

Padre Inácio José do Vale

Padre Inácio José do Vale é professor de História da Igreja no Instituto de Teologia Bento XVI (Cachoeira Paulista). Também é sociólogo em Ciência da Religião.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Papa à ONU: "Que as Nações promovam a paz e a dignidade humana"


2014-09-25 Rádio Vaticana
Nova Iorque (RV)

O Papa Francisco encoraja todas as nações a promoverem a dignidade de toda pessoa humana. A mensagem pontifícia à Assembléia da ONU foi lida ontem, quarta-feira, pelo Observador Permanente da Santa Sé junto à ONU de Nova Iorque, Arcebispo Bernardito Auza, na abertura da 69ª Sessão Plenária da Assembléia das Nações Unidas.
No documento – assinado pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin – o Pontífice auspicia que as soluções buscadas pela comunidade internacional “promovam a paz entre os povos” e que o problema da pobreza seja enfrentado através de um espírito de fraternidade, que partilhe alegria e sofrimento.
O Santo Padre assegura à Assembléia da ONU a sua proximidade espiritual e deseja que o encontro seja uma ocasião de “maior compreensão e cooperação entre as delegações” dos Estados para “o bem da comunidade global e a serviço de uma paz duradoura e da prosperidade de todos os povos”. (JE)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Card. Hummes revela momento de conversa informal com o Papa



2014-09-24 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

Há uma semana da citação feita na Praça São Pedro pelo Papa de
uma frase do Cardeal Cláudio Hummes a propósito dos missionários e de sua santidade, nós contatamos o Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia. Ele lembrou o momento em que disse a frase que Francisco citou:
Acho que foi na primeira vez que voltei a Roma depois do Conclave, durante uma audiência que ele me deu na Casa Santa Marta. Eu estava lhe contando o trabalho que estou fazendo, e lhe disse que visitava cemitérios de vez em quando. Eu mesmo peço, faço isto com a intenção de uma homenagem aos antigos missionários e também para chamar a atenção de que a história sempre nos ajuda muito na caminhada e a termos coragem e esperança em meio às dificuldades que lá certamente são muito grandes. Então, eu visito cemitérios, sobretudo procurando os antigos missionários, aqueles que começaram as missões ali e que ali permaneceram toda a sua vida; ali morreram e ali foram enterrados”.
“Lembrando isso ao Papa, eu disse: “Quando olharmos um pouco a história das missões, vemos que estes homens foram heróicos, homens santos. Eu disse assim para ele: “Papa Francisco, acho que a gente poderia canonizar todos eles, estes missionários, porque realmente são santos”... Foi uma conversa informal... não pensei que isso fosse impressioná-lo. Só sei que quando Dom Erwin (Krautler), bispo da Prelazia de Xingu, foi a Roma visitar o Papa, o Papa espontaneamente contou para ele que eu teria dito isso, e que ele estava de acordo... Eu concordo com isso”, disse o Papa.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Com mensagem contra a indiferença e pelo diálogo inter-religioso, Papa Francisco concluiu a sua viagem à Albânia

2014-09-22 Rádio Vaticana

Papa Francisco concluiu domingo ao fim da tarde a sua visita à Albânia num centro social para menores, nos arredores de Tirana, deixando uma mensagem contra a “indiferença” e pelo diálogo inter-religioso.“A fé que opera na caridade move as montanhas da indiferença, da incredulidade e da apatia e abre os corações e as mãos para fazer o bem e irradiá-lo. Através de gestos humildes e simples de serviço aos pequeninos, passa a Boa Nova de Jesus que ressuscitou e vive entre nós”, disse o Papa às crianças e voluntários reunidos na igreja dedicada a Santo António.
O trabalho deste centro assistencial foi apresentado como exemplo de “caridade concreta” que consegue “levar luz e esperança a situações de grave contrariedade”.“Além disso – acrescentou ainda o Papa - este Centro testemunha que é possível uma convivência pacífica e fraterna entre pessoas pertencentes a várias etnias e a diferentes confissões religiosas”.
Neste sentido, Papa Francisco repetiu os elogios que fez à sociedade albanesa do pós-comunismo pelo exemplo de convivência entre credos religiosos, mostrando que “as diferenças não impedem a harmonia, a alegria e a paz”.“As diferentes experiências religiosas abrem-se ao amor respeitoso e eficaz para com o próximo; cada comunidade religiosa exprime-se através do amor e não da violência; não se envergonha da bondade” e é capaz de “renunciar à vingança”, sublinhou.
O Papa reconheceu o trabalho da Comunidade Betânia no acolhimento a “tantas crianças e adolescentes” carenciados, oferecendo-lhes “um ambiente sereno e de pessoas amigas”. “O bem paga infinitamente mais do que o dinheiro, que, pelo contrário, desilude porque fomos criados para acolher o amor de Deus e dá-lo, por nossa vez, aos outros, e não para medir tudo em termos de dinheiro ou de poder”, observou.O espírito de amor e de “sacrifício” ao serviço dos outros, disse o pontífice, não é compreendido pela maior parte de uma sociedade que “procura freneticamente nas riquezas terrenas, na posse e na diversão finalizadas em si mesmas a chave para a sua existência”, encontrando pelo contrário “alienação e aturdimento”.
“O segredo duma vida bem-sucedida é amar e dar-se por amor”, concluiu, desafiando as comunidades católicas a continuar o seu serviço aos pobres e abandonados.

sábado, 20 de setembro de 2014

Papa Francisco: uma pastoral sem oração não chega ao coração

2014-09-20 Rádio Vaticana


O Santo Padre recebeu em audiência, na Sala Paulo VI, no Vaticano, na tarde desta sexta-feira, os participantes no Encontro internacional intitulado “O projeto pastoral da Evangelii Gaudium” (a alegria do Evangelho), promovido pelo Conselho Pontifício para a Nova Evangelização.

No seu denso discurso, o Papa disse que este documento “Evangelii Gaudium” a Alegria do Evangelho que o Santo Padre escreveu, tem um significado programático, com consequências importantes, mas não poderia ser diferente, uma vez que se trata da principal missão da Igreja, ou seja, evangelizar. E colocou, desde logo, algumas questões: “Quantas pessoas, nas inúmeras periferias existenciais do nosso tempo, estão cansadas e abatidas e precisam da Igreja e da nossa intervenção? Como chegar até elas? Como transmitir-lhes a experiência da fé, do amor de Deus e o encontro com Jesus? Eis a grande responsabilidade das nossas comunidades e da nossa pastoral” – afirmou o Santo Padre que convidou toda a Igreja a colher os sinais dos tempos. Tais sinais devem ser revistos à luz do Evangelho.
“Este é o tempo favorável, é o momento do empenho concreto, é o contexto no qual somos chamados a trabalhar para fazer crescer o Reino de Deus.”
Esta tarefa, disse o Papa, cabe a todos aqueles que são responsáveis pela pastoral: bispos, párocos, diáconos, catequistas. Todos têm que ler os sinais dos tempos e dar uma resposta sábia e generosa aos sedentos e famintos de Deus. E advertiu que “… diante de tantas exigências pastorais, diante de tantas necessidades espirituais de homens e mulheres, corremos o risco de espantar-nos e de retrair-nos por medo ou por autodefesa. Aqui pode advir a tentação de uma certa autonomia e clericalismo” – avisou o Papa Francisco:
“Aquele codificar a fé em regras e instruções, como faziam os escribas, os fariseus e os doutores da lei, no tempo de Jesus. Teremos tudo claro, tudo organizado, mas o povo crente e à procura continuará a ter fome e sede de Deus”.
Como o dono da messe saía à busca de operários – continuou o Papa – o Bispo de Roma e os responsáveis da pastoral devem sair, em todas as horas do dia, para ir ao encontro dos mais fracos, dando-lhes conforto e apoio, e fazendo-os sentir úteis na vinha do Senhor! A Igreja parece um hospital ao ar livre: quantas pessoas feridas à espera de ajuda espiritual!” – exclamou o Santo Padre que exortou todos a perseverarem na oração:

“Uma pastoral sem oração e contemplação jamais poderá atingir o coração das pessoas. Ela se deterá na superfície e não deixará a semente da Palavra de Deus morrer, germinar, crescer e produzir frutos. Não dispomos de uma varinha mágica para fazer tudo, mas da confiança no Senhor, que nos acompanha e jamais nos abandona”.
O Santo Padre concluiu o seu discurso aos participantes no Encontro Internacional sobre a “Evangelii gaudium”, agradecendo o empenho de todos e exortando os presentes a darem testemunho do Evangelho porque é o testemunho que dá validade à palavra! (MT/RS)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

A cura de uma sociedade doente

2014-09-15 Rádio Vaticana
Maringá (RV) - “O problema que divide os homens de hoje não é de ordem política, mas de ordem social. Trata- se de saber quem terminará vencedor, se o espírito de egoísmo ou o espírito de sacrifício; e se a sociedade será uma sociedade de lucro sempre maior para proveito dos mais fortes ou de dedicação de cada um ao bem de todos e, sobretudo, para a defesa dos mais fracos. Muitos têm em demasia e, todavia, querem ter mais; outros não têm o suficiente ou não têm nada, e querem obter pela força oque não lhes dão. Prepara-se uma guerra entre estas duas classes e ameaça ser terrível: de um lado, o poder da riqueza; do outro, a força do desespero. Nós devemos nos interpor entre esses dois lados, se não para impedir o choque, ao menos para suavizar o confronto. Nossa juventude e nossa modesta condição podem facilitar-nos a tarefa de mediadores, tarefa esta que nossa condição de cristãos parece exigir-nos como obrigatória. Eis aqui a possível utilidade de nossa Conferência São Vicente de Paulo”.
Esta afirmação encontrada nas cartas da Juventude, de 1836, do bem aventurado Antônio Frederico Ozanam, fundador das Conferências Vicentinas, são de uma atualidade impressionante. O que nós assistimos hoje senão a guerra dos excluídos, buscando maior dignidade, justiça, igualdade.
Os fatos que ainda estão em nossa memória, acontecidos nas vésperas da Jornada Mundial da Juventude no Rio, da Copa do Mundo no Brasil, não foram sinais de guerra entre humanos insatisfeitos com a situação do país e do mundo?
O que seria do mundo se a Igreja católica e as mais variadas congregações, associações e movimentos cristãos, não tivessem entendido a exigência da caridade e do amor, criando as mais variadas obras de caridade?
Neste mês celebramos trinta anos do Asilo São Vicente de Paulo, uma obra de Deus, onde só existe caridade, amor concreto, para noventa e seis homens e mulheres no declinar da vida, para viver o tempo de Deus com dignidade.
“Se não sabemos amar a Deus como os santos o amavam, isso deve ser para nós um motivo de reprovação, ainda que nossa debilidade pudesse nos dar um motivo para nos dispensarmos, visto que, para amar, parece que faz falta ver, e nós vemos a Deus só com os olhos da fé. E nossa fé é tão debilitada! Mas os pobres, os pobres que vemos com um olhar humano, nós os temos diante de nós, podemos tocar suas chagas com nossas mãos e ver as feridas da coroa de espinhos em sua cabeça. Sendo assim, não podemos deixar de crer, mas devemos prostrar-nos a seus pés e dizer-lhe com o apóstolo: ‘Meu Senhor e meu Deus!’ Vós sois nossos senhores e nós, vossos servos; vós sois a imagem sagrada deste Deus a quem não vemos, e, não podendo amá-lo de outro modo, o amaremos em vossa pessoa” (Bem aventurado Frederico Ozanam).
Como o exemplo da caridade de São Vicente, através das Conferências Vicentinas criadas por Ozanam, temos milhares de outros testemunhos, onde o amor-caridade é a razão do trabalho.
Os impérios caem, as riquezas apodrecem, o abismo entre ricos e pobres aumenta, os pobres lutam para ganhar o pão de cada dia, o mundo clama por mais amor, justiça e igualdade.
O mundo, a sociedade está doente. O remédio está no coração de cada cidadão. Ninguém deve imitar Pilatos, lavando as mãos, se declarando inocente e sem compromisso. O momento clama pela solidariedade de todos, para que as obras sociais e de promoção humana, continuem fazendo o bem, para um mundo de paz e de fraternidade.

Dom Anuar Battisti
Arcebispo de Maringá/PR

domingo, 14 de setembro de 2014

"A Cruz de Cristo é a nossa verdadeira esperança"

2014-09-14 Rádio Vaticana
Depois da Missa, ao meio dia, o Papa apareceu à janela do Palácio Apostólico para a recitação do Angelus com os fiéis reunidos na Praça de São Pedro. Na alocução que precedeu a oração, Francisco retomou o tema da Exaltação da Santa Cruz, dizendo que um não cristão pode perguntar porque é que exaltamos a Cruz. “Podemos responder – disse – que não exaltamos uma cruz qualquer nem todas as cruzes: exaltamos a Cruz de Jesus, porque nela se revelou ao mais alto nível o amor de Deus pela humanidade.
Com efeito, continuou o Papa, o Evangelho deste domingo nos recorda que “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho Unigénito”. Fê-lo para nos salvar, e isto comportou a morte de Jesus na Cruz, Cruz que se revelou necessária devido à “gravidade do mal que nos escravizava”
O Papa explicou depois que a Cruz exprime tanto a força negativa do mal como a suave omnipotência da misericórdia de Deus, e que a Cruz não decreta, portanto, a falência de Jesus, como podemos ser levados a pensar, mas sim a sua vitória. Porque era Filho de Deus, Jesus permaneceu na Cruz, fiel até ao fim ao projecto de amor do Pai. Foi precisamente por isso que Deus exaltou Jesus conferindo-lhe uma regalia universal.
Jorge Mário Bergoglio prosseguiu elucidando ainda mais o que contemplamos na Cruz de Cristo:
Contemplamos o sinal do amor infinito de Deus para com cada um de nós e a raiz da nossa salvação. Daquela Cruz deriva a misericórdia do Pai que abraça o mundo inteiro. Por meio da Cruz de Cristo foi vencido o maligno, a morte foi derrotada, foi-nos dada a vida, restituída a esperança. A Cruz de Jesus é a nossa única verdadeira esperança, eh! Isto é importante! Por meio da Cruz de Cristo foi-nos restituída a esperança. A cruz de Jesus é a nossa única esperança!”.

É esta a razão pela qual a Igreja exalta a santa Cruz – insistiu o Papa - e é esta também a razão porque os cristãos fazem o sinal da cruz, “sinal do amor imenso de Deus, sinal da nossa salvação e caminho em direcção à ressurreição. É esta a nossa verdadeira esperança!.”
E o Papa prosseguiu recordando os irmão e irmãs perseguidos devido à sua fidelidade a Cristo:
Enquanto contemplamos e celebramos a Santa Cruz, pensemos com comoção em tantos dos nossos irmãos e irmãs que são perseguidos e mortos por causa da sua fidelidade a Cristo. Isto acontece especialmente lá onde a liberdade religiosa não é ainda garantida ou plenamente realizada. Acontece também em países e ambientes que em linha de principio tutelam a liberdade e os direitos humanos, mas onde os crentes e especialmente os cristãos, encontram limitações e discriminações. Por isso hoje os recordamos e rezamos de modo particular por eles”.
Recordando depois que aos pés da Cruz estava a Virgem Maria, o Papa confiou-lhe o presente e o futuro da Igreja, e de modo particular os esposos que teve a alegria de unir em matrimónio este domingo de manhã, na Basílica de São Pedro.

sábado, 13 de setembro de 2014

Papa Francisco diz que Terceira Guerra já pode ter começado

Atualizado em  13 de setembro, 2014 - 16:54 (Brasília) 19:54 GMT

Papa Francisco visita cemitério na Itália (foto: AP)
Papa Francisco disse que Terceira Guerra Mundial pode já ter começado
O papa Francisco afirmou que os conflitos ao redor do mundo começam a equivaler a uma Terceira Guerra Mundial – que ocorreria aos poucos por meios de crimes, massacre e destruição.
O pontífice fez a afirmação durante uma visita ao maior cemitério militar da Itália, em uma cerimônia em memória ao centenário da Primeira Guerra Mundial.
"A guerra é loucura", disse Francisco em uma cerimônia que lembrou a morte de 100 mil soldados italianos, no cemitério Redipuglia, perto da Eslovênia.
O papa argentino sempre condenou a ideia de guerrear em nome de Deus.
Mas no mês passado disse que uma ação de força da comunidade internacional seria justificada contra o que chamou de "agressão injusta" da organização extremista Estado Islâmico, segundo o correspondente da BBC David Willey. Segundo ele, o Estado Islâmico matou ou deslocou milhares de pessoas no Iraque e na Síria, incluindo muitos cristãos.
Na homilia de sábado o papa prestou homenagem às vítimas de todas as guerras.
"A humanidade precisa chorar e esse é o tempo de chorar", afirmou.

Significado pessoal

"Mesmo hoje, depois do segundo erro de outra guerra mundial, talvez seja possível falar de uma terceira guerra, lutada aos poucos, com crimes, massacres, destruição".
Segundo o correspondente da BBC, a visita do papa ao local foi carregada de significado pessoal. O avô dele lutou - e sobreviveu – na ofensiva italiana contra o império austro-húngaro no nordeste da Itália em 1917 e 1918.
Nos últimos meses, o papa pediu o fim dos conflitos no Iraque, na Síria, em Gaza, na Ucrânia e em partes da África.

Fonte http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/09/140913_papa_guerra_lk.shtml

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Papa: "A guerra nunca é necessária nem inevitável"

2014-09-08 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

“A guerra nunca é necessária nem inevitável. Sempre é possível encontrar uma alternativa”: palavras do Papa Francisco contidas na mensagem aos líderes religiosos mundiais, reunidos em Antuérpia, na Bélgica, de 7 a 9 de setembro.
Promovido pela Comunidade de Santo Egídio, o Encontro Inter-Religioso deste ano tem como tema “A paz é o futuro”.
A mensagem do Pontífice foi lida na tarde deste domingo, durante a cerimônia de inauguração do encontro. No texto, o Papa faz referência aos conflitos que ensanguentam os nossos dias, partindo da lição tirada 100 anos atrás, com o início da Primeira Guerra Mundial:
“Este aniversário – diz Francisco – nos ensina que a guerra jamais é um meio satisfatório para reparar as injustiças. Pelo contrário, a guerra arrasta as pessoas numa espiral de violência que depois se torna incontrolável, destrói o trabalho de gerações e abre o caminho para injustiças e conflitos ainda piores. Toda guerra, reiterou Francisco citando o que disse Bento XV em 1917, “é uma matança inútil”.
O Papa não cita diretamente os locais de conflito, mas fala das guerras que hoje destroem a vida de jovens e idosos, envenenam a convivência entre grupos étnicos e religiosos, obrigando inteiras comunidades ao exílio. Eis então que "as diversas tradições religiosas podem, 'no espírito de Assis', contribuir para a paz com a força da oração e do diálogo".
“A guerra – acrescenta o Papa – nunca é necessária nem inevitável. Sempre é possível encontrar uma alternativa: é o caminho do diálogo do encontro e da sincera busca da verdade.
Francisco então convida os líderes religiosos reunidos na Bélgica a não ficarem passíveis diante de tanto sofrimento e a cooperarem eficazmente à obra de curar as feridas, de resolver conflitos e de buscar a paz.
"Os líderes das religiões são chamados a serem homens e mulheres de paz. São capazes de promover uma cultura do encontro quando outras opções falham ou vacilam. Devemos ser pacificadores e as nossas comunidades devem ser escolas de respeito e de diálogo com as de outros grupos étnicos ou religiosos."

sábado, 6 de setembro de 2014

Reflexão para o XXIII Domingo do tempo comum – A

2014-09-06 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

O que é perdoar e como perdoar? Neste domingo, o Evangelho nos propõe uma reflexão sobre o ato de perdoar, do perdão.
A primeira atitude do cristão é ir em direção ao pecador e tratá-lo como irmão, com respeito e atenção.
O falar mal e pelas costas, nada adianta, piorará a situação quando o faltoso souber que seu erro foi tema de conversas de outras pessoas. Ele é o mais interessado e não outros. Se ele não sabe e é deixado alheio do que se fala dele, isso se chama, em bom português, fofoca. É uma atitude mundana e nada cristã.
Por outro lado, quem vai falar com o faltoso, deverá ir na qualidade de quem já perdoou a falta cometida, colocando-se na posição de irmão, jamais de juiz.
Muitas pessoas, com determinação, possuem o costume de dizer a verdade, doe a quem doer. Tudo bem! Contudo, nos casos em que a verdade, ao ser dita, poderá provocar rancores e ódios, ela não deverá ser falada. Nem tudo deve ser dito, mas apenas aquilo que gera vida e não morte.
Tudo deverá ser feito em clima de sigilo, respeitando a dignidade e a privacidade do outro.
Se por acaso o faltoso não ouvir o irmão que o procurou com caridade, este deverá se cercar de mais outros dois irmãos semelhantes no respeito e na busca da salvação do faltoso. Procurar o mesmo e entabular uma conversa fraterna. Nesse momento, onde o faltoso está sozinho de um lado, tendo à frente três outras pessoas que comentam sua má ação, o transgressor jamais poderá ser colocado contra a parede e sentir-se acuado. Se isso acontecer, não será a conversa proposta por Jesus no Evangelho, mas exatamente o que jamais deveria estar acontecendo entre irmãos. O objetivo do papo é a recuperação do transgressor e não sua humilhação e condenação.
Por último chegamos ao terceiro passo da proposta do Senhor. Se nem com a admoestação de mais dois irmãos, o que cometeu um delito não se arrepende e não se propõe a não mais cometer tal falta, a Igreja, ou seja, a Comunidade dos cristãos deverá anunciar que a postura daquela pessoa não corresponde à Boa Nova pregada por ela, que aquele homem não pode ser tomado como um dos seus, posto que sua atitude é exatamente contrária aos princípios cristãos.
Por exemplo, poderá ser tido como membro da Igreja aquele homem que propaga ideias racistas, discriminação, violência e o abuso econômico? A Igreja terá o direito e o dever de tornar público seu absoluto desacordo com aquela pessoa.
Situando-nos no versículo 9 do cap. 33 de Ezequiel, 1ª leitura da liturgia de hoje: “Todavia, se depois de receber tua advertência para mudar de proceder, nada fizer, o faltoso perecerá devido a seu pecado, enquanto tu salvarás a vida”.
Ao sermos responsáveis pela vida dos outros, em favor da justiça, agindo com misericórdia, é que ganhamos a nossa!
(CAS)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A força de Madre Teresa estava na oração, diz Pe. Vazhakala

2014-09-05 Rádio Vaticana
Cidade do Vaticano (RV)

A Igreja celebra neste dia 5 de setembro a memória da Beata Madre Teresa de Calcutá, uma das figuras mais amadas pelo seu incansável trabalho em favor dos necessitados e Prêmio Nobel da Paz. Justamente em um 5 de setembro, há 17 anos, Madre Teresa vinha a falecer entre seus pobres de Calcutá. Sobre este modelo de santidade, a Rádio Vaticano entrevistou Padre Sebastian Vazhakala, Superior Geral dos Missionários Contemplativos da Caridade, Congregação fundada em 1979 junto com Madre Teresa:

Pe. Vazhakala: “Ela desejava com todo o coração amar o próximo, amar a Deus e amar Deus no próximo. Ela sentia tudo isto com todo o coração, a tal ponto que nós sempre, cada vez que celebramos uma festa deste tipo, fazemos uma espécie de exame de consciência importante. Deste modo, envolve quase todos, pois ela envolveu todo o mundo com a obra de caridade, da missão, da compaixão. Também o Papa Francisco agora fala de misericórdia, de compaixão não somente com palavras, mas com a ação. Assim, a cada festa de Madre Teresa de Calcutá renova-se, para nós, o seu espírito”.
RV: O senhor, obviamente, tem muitas recordações. Alguma em particular para partilhar com nossos ouvintes?
Pe. Vazhakala: “As recordações são muitas. Quando me encontrava na “Casa dos Moribundos”, em Calcutá, vi uma vez chegar uma ambulância trazendo uma pessoa que vinha da rua. Olhando para ele me dei conta que já havia estado conosco mais de dez vezes. Então eu disse a Madre Teresa: “Madre, é inútil ficar com este homem, porque quando se sentirá um pouco melhor, vai embora”. E ela me disse: “Ouça Padre Sebastiano, não é questão de quem este homem foi ontem, ou se irá embora amanhã: a questão é que é necessário sempre viver o presente, porque muitas vezes perdemos muito tempo vivendo no ontem, ou em um amanhã que ainda não temos. Assim hoje, quando vem uma pessoa ao nosso portão, mesmo aqui em Roma, no Largo Prenestre na Casa Serena, o meu pensamento é sempre este”.
RV: Uma vez perguntaram a Madre Teresa qual era o seu segredo e ela respondeu simplesmente: rezo!
Pe. Vazhakala: “Mil vezes eu ouvi as pessoas fazendo esta pergunta: “De onde vem esta força de Madre Teresa?”. E ela sempre indicava o Tabernáculo: “Dalí, de Jesus no Santíssimo Sacramento”. Ela sentia isto porque sem a Missa diária, sem a Comunhão – dizia sempre – não se pode prosseguir. Também para nós é o mesmo. Portanto, a Adoração Eucarística, a Missa, a Comunhão, a oração diária que recitava por várias horas durante o dia...esta era a sua força”. (JE)